Auditor do Estado – CAGE RS - Prova comentada


Terça, 14/01/2025 às 21:21

Olá amigo(a)


Segue abaixo os comentários da prova de Contabilidade Geral do concurso para o cargo de Auditor do Estado da Controladoria e Auditoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul (CAGE RS):


01. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Uma sociedade empresária apresentava em seu Balanço Patrimonial, no ativo, a conta “Dividendos a Receber” com saldo de R$ 100.000. Esses dividendos ainda não foram declarados pela empresa investida, mas foram reconhecidos em seu passivo de acordo com as normas contábeis.

Esses dividendos são

(A) mínimos obrigatórios, a receber apenas de empresas controladas.

(B) mínimos obrigatórios, a receber de qualquer empresa investida.

(C) adicionais ao mínimo obrigatório, a receber de qualquer empresa investida.

(D) mínimos obrigatórios e adicionais a eles, a receber de qualquer empresa investida.

(E) mínimos obrigatórios e adicionais a eles, a receber apenas de empresas controladas.

Resolução:

De acordo com as normas contábeis brasileiras, os dividendos a receber reconhecidos no ativo de uma empresa representam valores provenientes de investimentos em outras empresas, que já foram reconhecidos no passivo da investida, mesmo que ainda não tenham sido formalmente declarados.

Os dividendos mínimos obrigatórios podem ser reconhecidos no ativo da investidora desde que:

1. A investida tenha apurado lucros.

2. Haja a previsão no estatuto ou na legislação que regula a distribuição de dividendos mínimos obrigatórios (art. 202 da Lei nº 6.404/76).

Esses dividendos não estão limitados a empresas controladas, podendo ser reconhecidos de qualquer empresa investida, desde que atendam aos critérios acima.

Já os dividendos adicionais ao mínimo obrigatório só são registrados após sua declaração formal.

Portanto, os mínimos obrigatórios podem ser reconhecidos de qualquer investida, alinhando-se à alternativa (B).

Gabarito 1: B.


02. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Em 01/01/2024, uma sociedade empresária adquiriu do Governo uma edificação para a construção de uma fábrica. O valor justo da edificação era de R$ 800.000, no entanto, a sociedade empresária recebeu uma subvenção de 60% do valor, de modo que a compra foi realizada por R$ 320.000, com a condição de geração de empregos para a sociedade. A vida útil estimada da edificação era de 50 anos e a sociedade empresária deprecia os seus ativos imobilizados de acordo com o método da linha reta.

Em relação aos fatos, avalie as afirmações a seguir.

I. É prevista uma diminuição anual de R$ 9.600 no passivo.

II. O ativo imobilizado é inicialmente reconhecido contabilmente por R$ 320.000.

III. No momento da compra é reconhecida uma receita de R$ 480.000.

Está correto apenas o que se afirma em

(A) I.

(B) II.

(C) III.

(D) I e II.

(E) II e III.

Resolução:

Vamos analisar cada afirmação:

I. Correta.

Uma subvenção governamental no valor de R$ 480.000 (60% do valor passivo diferido, já que está condicionado à geração de empregos.

Esse valor será amortizado ao longo da vida útil da edificação ( 50 anos ).

Cálculo:

Amortização anual do passivo = R$ 480.000 ÷ 50 anos = R$ 9.600 por ano.

Lançamento contábil:

D – Edificação (ativo imobilizado) 800.000

C – Caixa ou Contas a Pagar 320.000 = 800.000 – 480.000

C – Receita Diferida (Passivo) 480.000 = 60% x 800.000

II. Incorreta.

A norma NBC TG 07 determina que o ativo imobilizado é reconhecido pelo valor justo. Logo, o valor inicial do ativo imobilizado não é R$ 320.000, mas sim R$ 800.000.

III. Incorreta.

A subvenção governamental de R$ 480.000 não é reconhecida como receita no momento da compra, mas sim registrada como um passivo diferido, que será amortizada ao longo dos 50 anos.

Gabarito 2: A.


03. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Em 30/04/2024, uma loja de materiais esportivos iniciou uma campanha de marketing por meio da venda de cartões-presente, que poderiam ser utilizados em até 30 dias a partir da data da compra. Na política definida, a loja não restituiria o montante pago e não efetuaria a devolução da quantia, mesmo em relação às compras com valores menores do que o de face.

Em 30/04/2024, a loja vendeu 10 cartões-presente de R$ 200.

Com base em sua expectativa, na data, a loja esperava que:

• 10% dos cartões seriam utilizados em compras de valores maiores do que R$ 200;

• 20% dos cartões seriam utilizados em compras no valor exato de R$ 200;

• 30% dos cartões não seriam utilizados;

• 40% dos cartões seriam utilizados em compras de valores

menores do que R$ 200.

Assinale a opção que indica o reconhecimento da receita na Demonstração do Resultado da loja.

(A) R$ 600 em abril e R$ 1.400 em maio.

(B) R$ 1.400 em abril e R$ 600 em maio.

(C) R$ 1.400 em maio, apenas.

(D) R$ 2.000 em abril.

(E) R$ 2.000 em maio.

Resolução:

O reconhecimento da receita de cartões presente em que não há reembolso e o cliente não utiliza o saldo dentro do prazo válido segue as normas contábeis sobre receitas diferidas e receitas por obrigação de desempenho (CPC 47 - Receita de Contrato com Cliente).

Reconhecimento do momento:

1. Inicialmente, no recebimento:

Ao vender o cartão presente, a empresa reconhece um passivo (como “Receita Diferida” ou “Obrigações com Cartão Presente”), pois ainda não cumpriu a obrigação de prestar o serviço ou entregar o produto correspondente.

2. No momento do consumo:

Quando o cliente utiliza o cartão presente para adquirir produtos ou serviços, a empresa reconhece a receita na proporção do valor consumido, reduzindo o passivo.

3. No vencimento do prazo do cartão presente (não utilizado):

Se o cliente não utilizar o saldo até o vencimento (situação conhecida como “breakage”), e a empresa não oferecer reembolso, a receita referente ao saldo expirado deve ser reconhecida no resultado como receita operacional.

• Este reconhecimento ocorre no momento em que se considera remotamente provável que o cliente usará o cartão (como no vencimento do prazo ou no período determinado pela política da empresa).

Base Legal:

O tratamento segue o CPC 47, que determina que uma obrigação de desempenho é satisfeita (e, portanto, a receita reconhecida) quando:

• O serviço ou bem prometido foi entregue;

• O prazo contratual expirou e não há expectativa de uso futuro.

Portanto, utilizando ou não, toda a receita de R$ 2.000,00 é reconhecida no mês de maio.

Gabarito 3: E.


04. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Uma sociedade empresária exerce a atividade de arrendamento de imóveis a terceiros.

Em 31/12/2024, ela atuou como arrendadora e realizou um arrendamento operacional de um prédio de quatro andares a uma escola em um contrato de dois anos. O prédio estava avaliado no Balanço Patrimonial da sociedade empresária por R$ 800.000.

O aluguel mensal era de R$ 10.000. O primeiro andar da escola era destinado à secretaria e a atendimentos e o restante era destinado às aulas.

Assinale a opção que indica a classificação do prédio no Balanço Patrimonial da sociedade empresária em 31/12/2024:

(A) R$ 60.000 em ativo imobilizado e R$ 180.000 em propriedade para investimentos.

(B) R$ 200.000 em ativo imobilizado e R$ 600.000 em propriedade para investimentos.

(C) R$ 240.000 em propriedade para investimentos.

(D) R$ 800.000 em ativo imobilizado.

(E) R$ 800.000 em propriedade para investimentos.

Resolução:

Quando uma empresa usa imóveis em sua atividade principal (neste caso, arrendamento operacional), os imóveis são classificados como ativo imobilizado.

Portanto, a alternativa correta seria: Letra D: R$ 800.000 em ativo imobilizado.

Gabarito 4: D.


05. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Uma sociedade empresária apresentava os seguintes saldos em seu Balanço Patrimonial em 31/12/2023:

• Disponibilidades: ..............................................R$ 200.000;

• Capital Social: ...................................................R$ 150.000;

• Reserva de capital: .............................................R$ 35.000;

• Reserva de Lucros: .............................................R$ 15.000.

Em 02/01/2024, ela adquiriu, pela primeira vez, ações de emissão própria, conforme previsto na Lei nº 6.404/76 e modificações, por R$ 20.000.

Em 01/06/2024, a sociedade empresária vendeu todas essas ações por R$ 18.000. Na data, os custos de transação foram de R$ 1.500.

A transação de compra e venda gerou, nas demonstrações contábeis semestrais, de 30/06/2023, o seguinte efeito:

(A) redução no capital social de R$ 3.500.

(B) redução direta na reserva de lucros de R$ 3.500.

(C) redução na reserva de capital de R$ 3.500.

(D) aumento de R$ 16.500 nas receitas e de R$ 20.000 nas despesas.

(E) aumento de R$ 18.000 nas receitas e de R$ 21.500 nas despesas.

Resolução:

De acordo com a Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.), as ações de emissão própria adquiridas pela empresa devem ser classificadas como ações em tesouraria, não gerando impacto no capital social durante sua compra ou venda. Os efeitos são reconhecidos em contas de reservas ou do PL, dependendo do caso.

Informações da questão

1. Compra das ações:

• Valor de aquisição: R$ 20.000.

• Sem efeito no capital social diretamente.

Lançamento:

D – Ações em Tesouraria 20.000 (reduz o PL)

C – Caixa 20.000 (reduz o ativo)

2. Venda das ações:

• Valor de venda: R$ 18.000.

• Custos de transação: R$ 1.500.

• Prejuízo total = 18.000 – 20.000 – 1.500 = - 3.500

A perda de R$ 3.500 não impacta diretamente o capital social. Esse prejuízo deve ser reconhecido como redução na reserva de capital ou na reserva de lucro, pois as ações em tesouraria não transitam pelo resultado contábil.

Lançamento contábil:

D – Caixa 16.500 = 18.000 – 1.500

D – Reserva de Capital ou Reserva de Lucro 3.500

C – Ações em Tesouraria 20.000

Gabarito 5: C.


06. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Uma sociedade empresária, que presta serviços de consultoria, apresentava os seguintes saldos em seu balanço patrimonial em 31/12/2023:

• Disponibilidades: ..............................................R$ 400.000;

• Patrimônio Líquido:..........................................R$ 400.000.

Os serviços são prestados em uma área alugada em um prédio comercial.

Em 2024, a sociedade empresária reconheceu receitas de prestação de serviços de R$ 60.000. O valor foi recebido à vista.

Além disso, os custos e as despesas reconhecidos e pagos, relacionados à prestação, foram de R$ 20.000. As receitas são tributáveis e os custos e as despesas são dedutíveis. Ainda, durante o ano, a sociedade empresária foi acionada na justiça por dois vizinhos. O primeiro reclamava que os empregados jogavam lixo no corredor do andar, e pedia R$ 15.000 por danos morais. Já o segundo reclamava que os empregados geravam barulhos excessivos e pedia R$ 10.000 por danos morais. A sociedade empresária julgava que a perda da primeira causa era provável, enquanto da segunda possível.

Considerando que a alíquota do imposto de renda e contribuição social era de 34% e que o valor reconhecido será pago no exercício seguinte, assinale a opção que indica o passivo da sociedade empresária em 31/12/2024.

(A) R$ 20.100.

(B) R$ 23.500.

(C) R$ 23.600.

(D) R$ 28.600.

(E) R$ 38.600.

Resolução:

Vamos resolver a questão com base nos dados fornecidos.

Informações:

1. Receitas de prestação de serviços: R$ 60.000

2. Custos e despesas dedutíveis: R$ 20.000

3. Provisões jurídicas:

• Reclamação 1: Provável e R$ 15.000

• Reclamação 2: Possível, não é reconhecida como provisão.

4. Alíquota de IRPJ + CSLL: 34%

Passos para o cálculo do passivo:

1. Lucro antes da tributação

Lucro tributável = 60.000 – 20.000 = 40.000

A despesa com provisão não é dedutível para cálculo de tributos.

2. Reconhecimento da provisão jurídica

Como a primeira reclamação tem perda provável, o valor de R$ 15.000 deve ser reconhecido como provisão.

D – Despesa com Provisão

C – Provisão 15.000 (passivo)

A despesa com provisão não é dedutível para cálculo de tributos.

3. Cálculo do imposto de renda e CSLL (34%)

Imposto de renda e contribuição a pagar = 40.000 * 34% = 13.600

D – Despesa com IR e CSLL

C – IR e CSLL a pagar 13.600 (passivo)

4. Valor do passivo total

O passivo é a soma da provisão reconhecida e do imposto a pagar:

Passivo = 15.000 + 13.600 = 28.600

Gabarito 6: D.


07. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Uma empresa brasileira de grande porte apresentava os seguintes saldos em seu balanço patrimonial em 31/10/2024:

• Disponibilidades: ................................................R$ 15.000;

• Estoque: .............................................................R$ 30.000;

• Patrimônio Líquido:............................................R$ 45.000.

Em 07/11/2024, a loja vendeu metade de seu estoque para um cliente nos Estados Unidos por um montante equivalente a US$4,000 com recebimento previsto para 90 dias. Na data da venda, a cotação do dólar era de R$ 5,64. Ainda, era previsto que a cotação no fechamento da Demonstração do Resultado mensal, em 30/11/2024 seria de R$ 5,70.

Em 30/11/2024, o dólar estava cotado a R$ 6,10.

Assinale a opção que indica o resultado bruto da loja na Demonstração do Resultado no mês de novembro.

(A) R$ 7.560.

(B) R$ 7.800.

(C) R$ 9.400.

(D) R$ 22.560.

(E) R$ 24.400.

Resolução:

A questão trata de uma empresa brasileira que realizou uma venda internacional em dólares americanos, apresentando um contexto de variação cambial e pedindo o cálculo do resultado bruto na Demonstração do Resultado do mês de novembro.

Venda internacional em dólares:

A empresa vendeu metade do estoque em 07/11/2024 por US$ 4.000, com prazo de recebimento de 90 dias.

A cotação do dólar no dia da venda foi de R$ 5,64.

O valor da venda em reais, considerando essa cotação, foi:

Valor da venda em reais = 4.000 × 5,64 = R$22.560

Custo da mercadoria vendida (CMV):

O estoque total era de R$ 30.000.

Como foi vendido metade do estoque, o CMV é:

CMV = 30.000 / 2 = R$15.000

Resultado bruto:

O resultado bruto é a diferença entre a receita líquida da venda e o custo das mercadorias vendidas (CMV):

Resultado bruto = 22.560 − 15.000 = R$7.560

Variação cambial:

A variação cambial não afeta diretamente o resultado bruto em novembro, pois o reconhecimento da receita ocorre com base na cotação da data da venda (regime de competência). As oscilações do dólar (R$ 6,10 ou R$ 5,70) serão consideradas apenas para efeitos de ajuste de variação cambial no recebimento futuro.

Portanto, a resposta correta é a letra A: R$ 7.560.

Gabarito 7: A.


08. (FGV/Auditor do Estado – CAGE RS/2025) Uma sociedade empresária comprava estoques de matéria-prima com condição para pagamento a prazo.

Em 01/12/2024, a empresa adquiriu R$ 23.000 em estoque para pagamento em 180 dias. O valor é considerado relevante para a empresa. Caso o pagamento fosse realizado à vista, o valor da compra seria de R$ 21.000.

No momento da compra, a empresa reconheceu as seguintes modificações em seus elementos patrimoniais:

(A) aumento de R$ 21.000 no ativo e de R$ 21.000 no patrimônio líquido.

(B) aumento de R$ 21.000 no ativo e no passivo.

(C) aumento de R$ 23.000 no ativo e no passivo.

(D) aumento de R$ 23.000 no ativo, de R$ 21.000 no passivo e de R$ 2.000 no patrimônio líquido.

(E) aumento de R$ 21.000 no ativo e de R$ 23.000 no passivo e diminuição de R$ 2.000 no patrimônio líquido.

Resolução:

Como o valor é considerado relevante, a empresa deve ajustar a valor presente o montante da compra.

D – Matéria-prima 21.000 (aumenta o ativo)

D – Juros a transcorrer 2.000 (reduz o passivo) = 23.000 – 21.000

C – Fornecedores 23.000 (aumenta o passivo)

Ativo = 21.000

Passivo = 23.000 – 2.000 = 21.000

Gabarito 8: B.


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